quinta-feira, 26 de abril de 2007

Página em Branco

O maior desafio de todo escritor ou ao menos de toda pessoa metida a escrever deve ser o de encarar a folha em branco e saber que é necessário preenchê-la com palavras que soem com delicadeza e precisão. É sentir que existe o anseio por parte de quem lê de encontrar algo que acrescente de uma forma positiva uma experiência, uma esperança e até um sorriso num dia em que nada aconteceu do jeito previsto.

Ofício mais besta esse de juntar palavras e distribuir alegrias. Não no sentido negativo mas no fato de ser uma tarefa inglória. Ninguém vive inspirado 100% do tempo.

Talvez elas, as palavras, não venham em abundância. De repente o que mais pode interessar é que façam surgir um sorriso aliviado ao final do texto quem sabe?

O mais importante nisso tudo é que apesar de no fim da história você ficar olhando criticamente e a cada leitura querer apagar uma frase, uma expressão, ainda sim ter a coragem de postar, de mostrar a mais alguém uma coisa que é sua, que partiu de você e que independente de tudo é pura e simplesmente parte de ti.

4 comentários:

Nina Lofrese disse...

Pois eh meu caro amigo Renato...a página em branco traz angústia de encontrar a palavra inicial!!!
He he he he

Marília Calábria disse...

É que nem quando temos a pauta perfeita e não descobrimos a obviedade a ser transmitida.

Adriana Feder disse...

uma vez perguntaram pra clarice lispector: "por que você escreve?". e ela replicou: "vou lhe responder isso com outra pergunta. por que você bebe água?". ela quis dizer que ela escrevia para se salvar. muitos também escrevem por necessidade vital.
realmente, as vezes quero escrever e não consigo. fico pensando se machado de assis já passou por isso. mas é só ler qualquer coisa dele que respondo pra mim mesma "duvido!". parece tão fácil pra alguns, parece que existem pessoas que são máquinas de produzir literatura. Será?
A única coisa boa que eu sei fazer na vida é escrever, mas as vezes até desse único talento eu duvido. Toda essa frustração às vezes nos repele do papel. Mas acredito que há de se lutar contra essa força repulsória. Há de se enfrentar os percalços e espalhar as letras. É escrevendo-e só escrevendo- que se aprende a escrever.
(parabéns pelo post, renato)

Ana Albernaz disse...

Ahh que lindo

depois que a página não está mais em branco, a gente esquece que tudo que foi escrito ali é parte nossa né? a gente nem percebe
nao tinha parado pra pensar nisso...

:]