domingo, 15 de abril de 2007

A poeira realista

Hello =). Eae gente, vou postar um texto que escrevi esta manhã. Bom, beijos.

A poeira realista.

Acordei com a busina insistente de um carro do lado de fora do portão de um prédio, "Em pleno domingo, que merda...", pensei, virei para o lado e não consegui mais dormir. Bom, levantei.

Na inhaca matinal - período em que, geralmente, para mim, brotam as dúvidas mais bizarras sobre tudo e qualquer coisa- tive o desprazer de ler no jornal que o mundo ainda não tinha chegado num acordo de paz mundial. "Um dia acontece".

Respirei fundo e comecei a pensar em alguma desculpa para o cérebro começar o dia. Foi quando percebi uma sedutora orelha de um livro corolido saindo pra fora do armário.

Cheguei lá e a poeira causou irritação no nariz; Comecei a fuçar nos velhos livros já cobertos pela velhice, mas vivos em lembranças, peguei um livro que usei na minha alfabetização, riscado à torto e direito sem muito nexo. Atrás de uma velha Bíblia, já gasta de idéias, do lado de uma revista antiquíssima do MAD, lá estava: "Henfil na China", curioso, tinha visto alguma desse autor na internet.

Abre parênteses. Vocês conheceram o Henfil? Jornalista, cartunista e autor daquela famosa tirinha: "Os fradinhas". Tinha aquele bichinho esquisito, graúna! Lembram? Lembram? O livro "Henfil na China" foi lançado em 1984, e nossa, para mim foi um choque, porque o cara parece tão vivo para quem morreu em 1988. Fecha parênteses.

Enfim, peguei o livro à custa de muita poeria levantada. Levei pra cama e consegui muito mais que um passatempo. Não li inteiro, mas o livro já está no criado mudo. Nisso comecei a pensar nas aulas de história (rs) e no jeito que as pessoas lutavam para ter liberdade nas décadas de 60, 70 e 80. E o marasmo literário-social no qual vivemos hoje. Pouquíssimos autores escrevem com alguma intenção de mudar alguma coisa. Querem é vender; não acho inteiramente ruim, apesar disso têm livros ótimos por aí.

Mas pensando nisso, vão às livrarias, que livros vendem mais? Auto-ajuda, alguns best-sellers manjados e livros do gênero "Doce veneno do escorpião". Quem dos leitores assíduos de livros no Brasil, que já são poucos, vão ler livros que abrem alguma margem a interpretação da sociedade atual?Bom, era uma historinha legal até a viajem na interpretação. Mas afinal, não é verdade? Quero de volta os textos que marcavam a iminência de mudança, como precisamos hoje.

"O humor que vale para mim é aquele que dá um soco no fígado de quem oprime" (Henfil, em "O Rebelde do Traço - a Vida de Henfil", Dênis de Moraes, José Olímpio Editora, Rio, 1997).


PS: Fiquem à vontade para falar o que quiserem sobre o texto, critiquem, elogiem, não escrevam. (rs)
Um grande beijo.

9 comentários:

Nina Lofrese disse...

Nossa slash...Henfil é sempre daquele tipo de empoeirado que sempre rende.Muito legal o texto.Teve um domingo menos tediante??Espero que o Henfil tenha mudado alguma coisa...

Adriana Feder disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adriana Feder disse...

talvez a arte que não tenha engajamento social não mereça o título de arte...

lembrei daquela música, "o bêbado e o equilibrista",
"Meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
E tanta gente que sumiu
Num rabo de foguete"
(se bem que, na letra, ela fala do irmão do henfil, mas acho que atualmente se encaixa pro Henfil também)
q engraçado isso, eu tb tenho pensamentos mto bizarros de manhã!!! são tão escabrosos que até fazem algum sentido...
bom, slash, eu decreto que no seu próximo post vc publique as fotos da aula do Faro... "A" aula! E conta no post como foi tudo... a nati tb tem fotos, né...
sobre o livro da bruna surfistinha... poxa, literatura pura aquilo! hahaha (pra vcs verem q sexo também é cultura!)

Marília Calábria disse...

Pois é presidente,tem dias que a gente se surpreende mesmo achando que tudo iria dar errado.

Até pescocei as orelhas desse seu livro do Henfil[que chegou à então inatingível China primeiro que a TOTA TOLA,hahaha!]durante o mega-debate do Faro.[Aliás,posta as fotos,viu?].

Hmmm,a observação que vc fez sobre a preferência dos poucos leitores assíduos do Brasil aos temas mais "comerciais" em detrimento aos de caráter de sociedade é boa.

Infelizmente,por mais que a gente necessite de mudança,parece estar difícil uma forma de buscarmos inspiração e manifestação,ao menos por meio da literatura.

_acho que falei besteira mais uma vez,OMG!!! *sorry!

Ana Albernaz disse...

Poxa, uma das coisas que eu adoro fazer, seja domingo de manhã ou não, é ir buscar raridades antigas nas minhas prateleiras, me divirto vendo as cartilhas de alfabetização e tal, aquela caligrafia monstruosa hahaha
Gostei do texto Slash, e o hq é ótimo tbm...

Acredito que o complicado agora seja achar um jeito 'sutil e delicado' de tratar de um assunto que possa levar interpretação da sociedade...
não é qualquer um que vai se interessar, e ao se interessar é dificil seguir o raciocínio do autor as vezes
quem sabe a gente só nao precise de de alguem que descubra essa formula mágica? :P

Anônimo disse...

Eu acordo todas as manhãs com as idéias mais esquisitas na cabeça. Começo a sentir saudades de muitas coisas, muitas pessoas e mais ainda da época q eu acordava no domingo e ficava assistindo desenho com a minha irmã. Um dia escrevo sobre isso por aqui!
=]


Ah... Slash... Seu nome eh Gustavo?!
HAHAHAHAHAHAHAH
=]

*Só pra não perder o costume!

Slash disse...

Putz.. ta escrito "corolido" no texto. =/ haha

Anônimo disse...

Sabe Marson, hoje eu comecei a ler esse livro - é, na aula de tecnologia, lembra? - e percebi o quanto o que você está dizendo aqui é literalmente real. "Quero de volta os textos que marcavam a iminência de mudança, como precisamos hoje" - todos nós queremos, ou pelo menos alguns que ainda acreditam nssa idéia de que o velho ajuda a construir o novo e de que se utilizarmos do passado, poderemos construir o futuro.
abraços,
...zyrianoff!

Renato Domingues disse...

Fala mr Gustavo, então as suas manhãs não são assim tão boas? rs
De qualquer forma serviu pra (re) descobrir Henfil. Se acaso valer a dica leia Millor, sapor quê? O cara é um gênio, conciso e mortal. Uma hora dessas escrevo sobre.
Abraço