Hedonismo de um velho de guerra

Hmm...
Acho que aqui a gente tem um pouco mais de liberdade literária, não é mesmo?!
Então vou postar meu lado emotivo. Ok, ele ainda está reprimido. É que se eu me liberar de verdade, eu começo a chorar. Hahaha =]

O HEDONISMO DE UM VELHO DE GUERRA

Eu daria tudo
Que um dia eu sonhei em ter
Pra voltar a ser um homem voltando da guerra
Mesmo sem ninguém a me esperar.

Sem beijo de esposa ou abraço de filho
Afinal, eles nunca me fizeram falta
Nem tudo no mesmo lugar
Maldito marasmo que eu gosto de ter.

Ser frígido e puro
Dormir na areia e sonhar com o sol
Subir num altar e cuspir sem medo
No peito de um homem crucificado.
[Quem foi que disse que é pecado?]

E andar pelos campos abertos,
Desviar dos corpos mortos
E espezinhá-los se estivessem a sorrir.

E olhar os seus olhos no espelho,
O batom na sua boca disforme
Tudo o que um dia eu já amei.

E atravessar rios de sangue
E cheirar a cor escarlate
Que existe aqui dentro de mim

Pensar que suas unhas negras
Não me podem mais arranhar
Cair em contradição com o seu eu.

E ter o prazer de ver,
Na ponta aguda da lança,
Alguém mais feliz do que eu.

E, ao fim, cair por terra
Sujar os dedos e me entregar
Sem ter vergonha de chorar.

Enfim sonhar...
Pisar na cratera mais funda da lua,
Cravar meu brasão hasteado
E lá construir meu reinado.

Tudo isso e mais um pouco
Se eu não estivesse preso nesse espelho.
Se eu fosse eu sem você
E se o sol não tivesse derretido minhas asas.